quarta-feira, 10 de abril de 2013

OPINIÃO LUÍS ALMEIDA


OPINIÃO

LUÍS ALMEIDA


Uma lição de meninos

Tarde empolgante. Difícil de descrever. O Simão marca um golo e corre em direção aos colegas, com os braços bem levantados. A festa dura uns segundos e tudo volta a ser sério. Impressionante a seriedade de meninos com 11 anos. O João Bartolomeu foi o mais votado pelos treinadores. Elogiamos-lhe a genica e depois caiu-nos o queixo com a agilidade para furar defesas. Da Graciosa chega um perfume especial. Júlio e Francisco, dupla com magia na ponta da bota. Alguns nem corpo têm para avolumar o equipamento. Mas têm uma vontade inesgotável. De Coimbra viajou uma atitude e um espírito que devemos absorver.
É por tudo isto que o torneio do Lajense foi mais do que uma organização de excelência. Muito mais do que o fantástico ambiente que vibrou dentro e fora das quatro linhas. Foi uma lição. Uma lição com professores de 11 anos. Qualquer jogo, de qualquer campeonato, por mais alto que seja o nível, não tem a mínima comparação com o que se viu no campo das Lajes. E pensar que os cortes começaram por cortar precisamente na formação. Vamos dizer ao Simão que não vale a pena festejar os golos? Vamos dizer ao João que não vale a pena correr tanto? Vamos dizer ao Júlio e ao Francisco que a magia acabou?
O Simão tem apenas 11 anos. A foto que ontem publicámos conta uma história própria, mas igual a tantas outras. Ergueu os pequenos braços como quem abraça um grande sonho de menino. Esse conto contado com uma bola nos pés. Simão tem apenas 11 anos, mas não estava ali para brincadeiras. Nem ele, nem todos os outros. Juntos parecem deixar uma mensagem aos mais crescidos. Para que também não brinquem. Porque o Simão não tem culpa da crise. E aqueles braços erguidos na festa do golo são quase uma prece: não cortem no sonho a meninos de 11 anos. Porque se eles deixarem de sonhar... 

In DI, 08.04.2013

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