quarta-feira, 10 de abril de 2013

VI TORNEIO RAMO GRANDE


PEQUENOS
HORIZONTES


Estamos na linha que divide um retângulo dividido em dois. De um lado, Lajense e Praiense. Do outro, Lusitânia e Graciosa FC. O ambiente é fantástico. O campo da Vila das Lajes está cheio. Cheio de vida, de animação, de entusiasmo. Cheio de gente. A turma da ilha branca prende-nos a atenção por largos instantes. Há uma dupla que se destaca sempre que a bola brinca nas suas pequenas botas. Júlio tem 11 anos, o mesmo número que, orgulhosamente, transporta nas costas. Francisco já tem 12, mas parece ter menos. Nos verdes há quem ainda tenha pouco corpo para o equipamento, mas o que falta em tamanho sobra em vontade. Júlio e Francisco deslumbram. Francisco marcou 10 golos, sendo o goleador máximo do Torneio do Ramo Grande.
Mudamos de direção. Praiense e Lajense empatam a duas bolas na atribuição do quinto e sexto lugares. Miguel Franca, nove primaveras, é o herói da tarde: defende a grande-penalidade que garante o triunfo. Antes é Simão Martins quem confirma que o golo, afinal, não é assim tão importante. Claro que o foi para ele, com os seus impagáveis 11 anitos, como a foto bem comprova. A máquina fotográfica regista o momento quase na totalidade: bola na rede, braços bem abertos, festa coletiva em tons de amarelo. Simão parece abraçar o mundo. Entre cada mão há um horizonte que se abre. Um horizonte em forma de futuro. E o futuro é o Simão. E os outros todos...
Incrível a seriedade de tantos meninos (e meninas) em torno de uns meros pontapés na bola. A Académica é figura de cartaz. Vemo-los chegar, preto da cabeça aos pés, quase em formatura para o aquecimento. E que aquecimento! Impressionante a postura. A atitude. Transportam essa seriedade para dentro das quatro linhas e vencem por 4-1. Coletivamente, há naquela equipa qualquer coisa que falta às outras. Mas os nossos olhos mudam de alvo. Tem o 11 nas costas e uma camisola grande, bem grande. Mais tarde confirmamos que João Bartolomeu foi mesmo o melhor jogador da sexta edição do Torneio do Ramo Grande. A final confirmou-o como tal: genica às toneladas, bola presa ao pé e um, outro e ainda mais outro adversário pelo caminho.
Claro que uns ganham e outros perdem. O futebol é isto. Mas em jogo estava muito mais do que um jogo de futebol. Aqui jogava-se o futuro, como vincou - e bem - Raúl Oliveira, coordenador da formação do Juventude Desportiva Lajense, clube organizador: "É preferível apostar na formação. É preferível apostar na base da pirâmide. É preferível apostar na nossa realidade, em vez de se apostar em 'ideias malucas'. O passado deu-nos exemplos de gerências desastrosas, que foram, a todo o custo, atrás do objetivo que é ganhar e subir de divisão. Normalmente, hipotecamos o futuro das nossas coletividades. Há que dar valor e potenciar o que temos de melhor", destacou o treinador dos amarelos das Lajes.

In, DI 07.04.2013

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