terça-feira, 23 de abril de 2013

OPINIÃO: LUÍS ALMEIDA

OPINIÃO

LUÍS ALMEIDA

Apostar de verdade

Desistam de esperar que a coisa mude. Melhor: desistam de esperar que o passado regresse. Não está assim tão longe, o passado, mas este é um presente que nada tem que ver com o que já passou. E não sabemos o que aí vem. Ninguém sabe. Felizmente ou infelizmente? Também não sabemos. Mas não é assim tão difícil de adivinhar. Só falta que nos taxem os sonhos. Que os tornem inconstitucionais num qualquer "Plano B". Há projetos de vida suspensos à conta dos que desgraçaram as contas, esse humilhante fracasso. Há quem tenha a vida em desgraça, sem direito a projetar a sua própria felicidade. Sem dinheiro. Sim, é real. Acontece todos os dias. Há gente sem trabalho e gente que trabalha sem receber. Misérias encetadas por gente miserável.
Por isso, esqueçam. Desistam de esperar por um novo toque de Midas. Isso já não existe. Acabou. Ficou preso no tempo das coisas fáceis. Na triagem da crise, o desporto caiu para o plano dos assuntos sem importância, de prioridade nula. Não interessa. Não agora, que nos esmagam sem piedade e sem futuro. Que a injustiça manchou o significado de um povo. Não agora, que os professores primeiro têm de alimentar e só depois ensinar. A decadência mesmo ao lado da porta.
Mas desistam apenas de esperar. De esperar que algo caia do céu. Não vai acontecer. Só não desistam do desporto. Perdeu importância, claro, mas não deixa de ser importante. Nunca. E não desistir significa união. Esse tempo também acabou: o tempo de cada um por si. Porque se o passado não volta e o presente parece desabar num abismo, a verdade é que existe um futuro. Por isso é tempo de pensar, mas sem parar. De olhar em frente. De fazer mais com menos. De fazer melhor com menos. De fazer melhor, tão só. De fazer mais e melhor com o que temos. Deixar de ser um pretexto. Ser uma aposta. Verdadeira. 

In, DI 22.04.2013

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