segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

STEVEN COUTO "NEM SÓ OS ANJOS TÊM ASAS"


Aprender e crescer de forma sustentada


 STEVEN COUTO fala de uma experiência verdadeiramente inesquecível a todos os níveis
Steven Couto e Nelson Meneses, atletas do GD Fontinhas, consideram que o projeto "Nem só os Anjos têm Asas" é algo de simplesmente fascinante.






Dois dos atletas do Grupo Desportivo das Fontinhas abrangidos pelo projeto "Nem só os Anjos têm Asas", Steven Couto e Nelson Meneses, não se cansam de elogiar os méritos do mesmo. Em declarações à reportagem do DI, dão a sua visão da iniciativa e dos reflexos da mesma na sua vida desportiva, académica e social.

HORIZONTES 

Steven Couto fala da experiência como abertura de horizontes e conhecimento de sociedades:
"É um marco na minha vida ter participado neste projeto. Em primeiro lugar foi-nos dada uma oportunidade, única, de viajar, o que para muitos de nós é difícil, porque somos das ilhas e não é fácil sair da ilha. Alguns dos meus colegas de equipa nunca tinham saído da ilha e andado de avião. Para eles foi de certeza uma experiência que jamais irão esquecer.
Nesta viagem tivemos a possibilidade de entrar em contato com o nosso país continental, o que nos permitiu comparar a sociedade em que vivemos com as outras de muito maior dimensão; conhecer novas pessoas e formas de viver. Depois, em Espanha, o contacto com a cultura de um país estrangeiro da Europa, percebemos que também pertencemos à dita Europa de que tanto se fala e que para nós na verdade é uma desconhecida. A facilidade da língua permitiu o contacto com as pessoas e foi espetacular percebermos que, embora longe dessa realidade, temos capacidade de nos envolver, como se fizéssemos parte da mesma sociedade.
Esta viagem permitiu-nos conhecer uma realidade muito diferente da nossa, mas também perceber que somos capazes de lidar com ela porque temos valores iguais. Eu sou canadiano de origem e percebi, no contacto que tive com esta nova realidade, porque é que a Europa é tão apetecível para o mundo. Sinto vontade de voltar e penso que isso diz tudo sobre a experiência que tivemos.
Foi, de todas as vezes em que estive fora Açores, a primeira em que me senti realmente fora de casa e isso foi importante para mim e para os meus colegas de equipa. Isso fez-nos crescer e perceber que quando temos um objetivo devemos segui-lo. Nós tínhamos um objetivo e fomos ao encontro dele, apesar de termos deixado a família que para nós é tão difícil de abandonar, porque vivemos numa ilha. Ir em grupo fez com que nos tornássemos mais unidos, e isso facilitou a concretização do trabalho que íamos fazer - participar no torneio de Valência onde deixámos uma boa imagem dos Açores.
A maior lição que tiro disto tudo foi a capacidade que tivemos, como ilhéus, de nos integrarmos facilmente num mundo muito mais largo, em que fomos capazes de reconhecer e aceitar como uma experiência para a vida o confronto com uma sociedade 'super' livre e sem preconceitos, que encontramos muitas vezes por cá, entre nós.
Deparámo-nos, por acaso, em Madrid, com um acontecimento mundial - a parada gay que todos tivemos oportunidade de ver, onde havia perto de um milhão de pessoas nas ruas. Presenciar isso foi para nós um teste e um confronto espetacular porque fomos obrigados a reagir e a conviver com algo que não é habitual. Percebemos com isso uma coisa importante - que temos opiniões diferentes sobre a tolerância e a aceitação de vontades diferentes.
Esta viagem abriu-nos horizontes, deu-nos a conhecer novas realidades e principalmente traduziu-se numa vontade muito grande de descobrir o mundo. Foi uma experiência única!"

In, DI 04.02.2013

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