segunda-feira, 18 de março de 2013

NUNO MACIEL "FUTEBOL TERCEIRENSE A PERDER QUALIDADE


Futebol terceirense a perder qualidade

COMO É QUE ANALISA OS CASOS OCORRIDOS NOS ÚLTIMOS TEMPOS NO FUTEBOL REGIONAL TERCEIRENSE? 
Enquanto presidente da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo (AFAH) e como espetador atento do futebol, uma vez que vou passando por muitos campos, digo que os factos acontecidos recentemente são consequência de albergarmos uma competição em que, à partida, havia quatro candidatos. No entanto, como é evidente, dos quatro apenas um poderia vencer.
Também quero afirmar, embora com mágoa, que o futebol regional da ilha Terceira está a descer ultimamente em termos de qualidade. É algo que constato em grande parte dos jogos a que tenho assistido. Julgo que a culpa é de alguns dirigentes, treinadores e atletas, pois passam mais tempo a contestar as decisões da arbitragem do que a tentar praticar bom futebol, e, convenhamos, bom futebol não é uma coisa que se tenha visto muito neste campeonato. Depois, os ânimos exaltam-se, há a pressão dos pontos com o aproximar da reta final e vão surgindo os casos.

A ARBITRAGEM É O ELO MAIS FRACO NA ESTRUTURA DA AFAH? 
Desde que entrámos na AFAH, este tem sido o setor mais frágil. Não tem havido a devida renovação, mas a verdade é que os clubes também são instados a nomear pessoas para fazerem o curso e praticamente não nomeiam ninguém. Por outro lado, não podemos esperar que os árbitros que concluam o curso vão logo apitar jogos de grande responsabilidade, pressão e carga emocional.
Se tivéssemos um número de árbitros que nos permitisse andar a rodar, assim o faríamos. Se eles aparecessem apenas de mês a mês à frente das equipas, a situação seria diferente, porque já quase ninguém se lembrava do que é que tinha acontecido semanas antes. Todavia, como o quadro é reduzido e, segundo sei, alguns não querem prestar provas físicas, o que o torna ainda mais limitado, é natural que jogadores, treinadores e dirigentes achem que são sempre os mesmos e que pensem que estão deliberadamente a prejudicá-los, o que, como é evidente, não corresponde à realidade.

SENTE-SE INJUSTIÇADO COM O TEOR DE ALGUMAS CRÍTICAS? 
Aquilo que lhe digo é que há coisas em que parece que as pessoas têm memória curta. Relembro que, quando nos candidatámos às eleições, prometemos que iríamos ajudar os clubes na questão das inspeções médicas desportivas, que era uma das queixas que os mesmos apresentavam. Assim o fizemos e houve clubes que assim optaram e, quanto a nós, muito bem. Se, por exemplo, o Lajense não beneficiou, até porque tem um excelente Centro de Fisioterapia e, neste caso, está muito bem organizado, é porque não quis.
Outra das queixas dos clubes prendia-se com as despesas e o desgaste que tinham ao levar os seus atletas, em regime de obrigação, aos treinos das seleções. Desde que entrámos, comprámos uma carrinha, recuperámos a existente e arranjámos condutores para efetuar esse transporte. Nunca mais nenhum clube, nem de futebol, nem de futsal, foi obrigado a levar e a trazer os seus atletas às seleções.
Isto tudo custa dinheiro. Dizer-se que não apoiamos é um pouco forte e também injusto. Claro que os recursos da AFAH, com os cortes que já foram feitos e com aqueles que vêm aí, não são ilimitados. Ainda diria mais: se a AFAH não ajudasse os clubes, estaríamos com metade dos clubes em competição, na medida em que eles também estão a ser vítimas de um processo de atraso das comparticipações.

In, DI 18.03.2013

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